segunda-feira, 15 de junho de 2015

Mudanças climáticas


"Se Rondônia não rolar, vou pra Curitiba", pensava até ontem. Friozinho gostoso, sem sol judiando a pele todo dia, dormir com o barulho da chuva e não do ventilador..
Mas foi outros daqueles tapanacara que a vida nos dá. Cheguei em Marília na sexta e que frio frio, mds.
Acho que isso é um adeus, Curitiba.

terça-feira, 9 de junho de 2015

Tio Ademir

Tenho três novos integrantes na família, mas por agora, vou apresentar apenas um. Tio Ademir está morando em casa depois de 20 anos longe da sociedade. Ele tem esquizofrenia, e era viciado em drogas. Ficou todo esse tempo em hospitais psiquiátricos.
Minha vó e meus tios o ignoram. Ela chegou a dizer que ele é a cruz da vida dela. Na verdade, quem parece e age como se fosse a mãe dele é a minha. Quando meu tio estava pra sair do hospital, minha mãe pulava de alegria enquanto minha vó gritava no outro cômodo "pra que isso, Irene?", com voz histérica.
Mas ninguém sentiu mais as ações do meu tio do que minha vó, tadinha. No auge das drogas e do transtorno mental, ele matou meu avô depois de ficar três dias amarrado em um quarto. É difícil e acho que mesmo depois desses anos, ela não conseguiu perdoá-lo.
Eu não conhecia ele e nem tinha interesse. Quando tudo aconteceu, eu era muito nova. É como se ele não existisse. Tio Ademir era apenas um personagem citado por meus pais uma vez ou outra durante o jantar.
Minha mãe o via pouco também, dizia que o hospital onde ele estava internado e cumpria pena era muito longe. Mas sempre enviava cartas junto com as caixas de bombons que meu tio regulamente pedia. Soube mais tarde que ela era a única que comunicava-se com ele.
Recentemente, ele foi transferido para um hospital psiquiátrico mais próximo de casa. Cerca de 120 km. De 15 em 15 dias, meus pais iam vê-lo, mas eu não.
Um certo dia, resolvi ir e pude finalmente conhecer meu tio. Uma outra história sobre ele, uma que eu não conhecia, foi contada pelos psicólogos para a minha família. Meu tio era doce, tímido e sempre quando ia desenhar, fazia uma casa e dizia que seria seu lar. A casa era a da minha família.
Vai fazer duas semanas que Tio Ademir está em casa. Meu pai construiu um quarto pra ele, comprou roupas novas e até um sapato social para ir à igreja.
Ele é, digamos, não muito convencional. Um homem de 40 e poucos anos que gosta de assistir desenhos e faz tudo que minha mãe pede. Por enquanto, essa é minha primeira impressão sobre ele.

---

No final de 2016, meu tio foi morar em um asilo. A esquizofrenia dele é intensa e mesmo tomando remédios, ele se mostrou muito violento em casa. Outra pessoa. Meus pais já não dormiam direito e sempre andavam com medo dele. Depois de muita oração pedindo a orientação de Deus, conseguimos aposentá-lo e o transferimos para um asilo particular que fica em uma fazenda. Lá ele faz atividades todos os dias e joga futebol. Espero que esteja feliz e que fizemos a escolha certa. 

Nossos mundos no singular

Às vezes, parece que estou fazendo algo de errado amando alguém sem reservas. Não sei se evito falar com as pessoas sobre meu namoro por questão de privacidade, ou por medo de ser vista como ingênua.
Parece que há uma forte cultura ao desapego hoje em dia, e isso me assusta. Pouco se fala sobre o amor nas rodas de conversas, e não recordo a última vez que ouvi uma amiga dizer se ele poderia ser o cara ou não.

Será que não estamos mais procurando um homem para a vida toda ou é a vergonha social que nos impede de falar?

Sou uma romântica incurável e posso ainda estar olhando e esperando do mundo uma realidade mais parecida com a dos contos de fadas, de romances históricos. Sei que é o momento da mulher experimentar tudo e tal, mas acho que se vamos a caça, precisamos de um alvo e não sair atirando para todo lado.

Se não foi bem aquilo que queria em um homem, mire em outro que possa ser o cara. Seja exigente! Pela primeira vez em séculos, nós podemos decidir!


segunda-feira, 8 de junho de 2015

Menina dos olhos

Faz tempo que não ia a igreja. Há mais de um ano, se contar.
Recentemente comecei a aceitar os pedidos dos meus pais e fui. Percebi que a Aline de antes, aquela que sabia localizar todos os versículos da bíblia e terminar uma frase bíblica lida pelo pastor, ainda estava aqui.
Fiquei tanto tempo sem falar com Deus, ignorando a forte presença dele na minha vida, que hoje, quando oro, me pego meio envergonhada. Mas nunca antes minhas orações foram tão sinceras, nunca com palavras tão minhas. Pela primeira vez, eu falo com Deus como se falasse com uma pessoa e não com um ser.

Acho que esse era um dos meus problemas. Falta de intimidade, de falar diretamente com Ele. Quando sabemos do seu poder de ver tudo, saber de tudo, achamos que não é necessário orar. É o mesmo que adicionar uma amiga no facebook e não telefonar para ela nunca já que ela sabe tudo o que acontece na sua vida pela internet. Não é a mesma coisa, né?

Lá, sentadinha nos últimos bancos ou infiltrada no meio dos jovens, me sinto bem como não me sentia há séculos. Não sei como devo viver nessa vida, nem como é a maneira certa, mas acho que é por esse caminho que devo andar.