terça-feira, 19 de fevereiro de 2019

Dias de luta

Controlar-me por inteira quando a Luna tem atos de rebeldia faz dos meus dias batalhas de Davi e Golias. Diante do meu poder como mãe, é lógico que o papel de Golias pertence a mim, mas só posso ganhar se não derrubar o Davi e me manter em pé no mesmo movimento. Firme como um monge no ápice da paciência.
Quando estou cozinhando e, ao mesmo tempo, tenho que chamar a atenção dela pela quarta vez  (mas dezenas somando as outras)  para que não pegue o copo de vidro, e de repente ela arremessa no chão, me sinto ofendida. Minha visão embaça, minha parte racional abandona meu corpo. Meu cérebro primitivo assume o controle e acabo batendo, castigando ou berrando.
Depois, segundos depois, eu volto pro meu corpo, para aquele momento. Uma avalanche de arrependimentos,vergonhas e incertezas desaba sob mim. Como posso lidar com minha filha respeitosamente e educá-la ao mesmo tempo? Como posso ser aquela mãe que eu precisei em vários momentos da minha infância? Como posso criar um ser humano melhor do que eu? Na verdade, travo uma guerra interna, solitária, onde o oponente sou eu mesma.