quinta-feira, 23 de janeiro de 2025

Doses de estoicismo

Aprendi há muito tempo que por trás da timidez que me paralisava e impedia correr atrás dos meus sonhos estava um sentimento angustiante de não estar a própria altura do ideal para tal. Síndrome de impostora. Hoje, não me levo tão a sério, só vou. Ás vezes, "a gente sofre mais na imaginação do que na realidade”. 

Quando me sinto perdida, que preciso recuperar a rota, consulto um caderno onde costumo anotar mantras que fazem sentido pra mim. Segue abaixo alguns deles: 

Veja as coisas como são 
Aceite tudo que acontece ( principalmente aquelas que fogem ao seu controle) 
Tenha propósitos claros 
Viva o presente 
Atenha-se ao essencial 
Seja sincera 
Ame o próximo 
Seja justa 
Preserve o seu espírito 
Não permita que o comportamento alheio determine o seu 
Não tema a morte, mas lembre-se dela as fazer escolhas 
JAMAIS associar minha existência como mulher a uma vida de mártire 


É importante tomar posse da própria existência, TER auto-responsabilização.

De repente 30

Depois de mais de cinco anos, em um momento de tédio, relembrei da existência desse blog. 
Reler sobre mim, reviver momentos, angústias e sonhos, foi uma experiência mágica, quase transcendental. Sem o apoio desses textos preciosos, não lembraria nem da metade, quem dirá nessa riqueza de detalhes. 
 
Li tudo num misto de nostalgia, divertimento, admiração e compaixão. Fui tantas Alines, todas nasceram e morreram no tempo delas, conforme cada novo desejo ou necessidade. Sou eternamente grata a cada uma delas. Consigo acolhê-las com toda ternura do mundo na plena consciência de que também, essa minha versão de agora, é passageira. A vida bem vivida felizmente é isso: movimento.
  
Aos 30 anos, conquistei muitas coisas, muitas das quais há 11 anos nem ousaria sonhar. Mas a que mais me orgulho, sem sombra de dúvida, foi minha evolução interior. Continuo refletindo sobre a vida com o amparo das palavras, mas norteada pela Filosofia. Constantemente busco entender o que eu sou, onde eu estou, quais são os meus valores e onde quero estar. Todo começo do ano faço metas e me esforço para alcançá-las. Graças a esse hábito constante de autorreflexão com ação, tenho mais clareza sobre mim, o que me permite ser uma mulher mais confiante, segura, autêntica e com uma potência enorme de agir

Sou fotógrafa, tenho um estúdio no centro da cidade. Ainda moro em Vilhena, Rondônia, ao lado do meu companheiro, Allan, nossa filha Luna e uma beagle chamada Bibia. Todos temos uma saúde boa, uma vida financeira estável, uma casa com um quintal cheio de árvores, nossa filha estuda na melhor escola da cidade, e viajamos pelo menos uma vez ao ano.  

O Allan é um marido, pai e um ser humano maravilhoso, me faz rir todo santo dia. Somos muito parceiros, temos uma comunicação e química incrível que surpreendentemente só melhora com o passar dos anos. Ele é o meu maior apoiador, meu porto seguro, o amor da minha vida. Ter apostado nele lá atrás foi a melhor escolha que fiz.

Nossa filha Luna tem 7 aninhos e é uma menina encantadora. É difícil me conter ao falar sobre ela. Somos completamente apaixonados! Ela é alta, magrinha, têm cabelos castanhos claros até o ombro com franjinha, herdou meus olhos e as orelhinhas de abano do pai. Já sabe ler, é uma das alunas mais inteligentes da sala, sua cor favorita é amarelo, ama jogar Avatar Word e é fã número 1 de Moana. É muito carinhosa, me abraça e diz que me ama várias vezes ao dia, e tem um senso de humor extraordinário. 
Já quis ser palhaça de circo, pedreira, veterinária, pintora, dona de cinema, produtora de animes no Japão, e hoje em dia quer ser médica ou cantora. Gosta de quase tudo que nós gostamos, e já tem um diário onde escreve que ama um tal de Brian, da sala dela. Enche de coração ao redor toda vez que escreve o nome dele.

Ambos definitivamente são as bases da minha vida. 
“Só podemos dizer que estamos vivos naqueles momentos em que os nossos corações estão conscientes dos nossos tesouros”

Decidi fazer essa recapitulação sobre a minha jornada para também poder consultar anos depois mais uma faceta do que eu fui e vivi. Esse blog, espero que resista ao tempo, espero que minha filha e quem sabe pessoas além dela um dia tenham acesso as minhas memórias. 

domingo, 17 de março de 2019

Profissão

Era final de 2011. Faltavam poucas semanas para o vestibular e eu ainda não sabia o que queria ser 'para o resto da minha vida'. A mãe de uma amiga disse que eu devia fazer jornalismo porque gostava de ler e escrevia bem. Achei uma boa ideia e fiz. Eu gosto ainda e acho que faz sentido pra mim até hoje no modo em que enxergo a vida, mas o mercado do jornalismo é que não faz muito sentido pra mim, principalmente nas áreas que atuei. Eram funções que não me traziam propósito.
Em abril de 2019, irei mudar a rota. Vou fazer o curso de designer de interiores. O Allan diz que levo jeito pra coisa. Eu gosto de decoração e arquitetura. Mas será que dessa vez irei sossegar?

Conflitos

Dona de casa, dependente financeiramente do companheiro, com rosto branco que não sabe o que é sol além das corridas matinais no bairro aos fones de ouvido.
Ouço minha voz e leio discursos feministas, mas quando vejo que não trabalho fora, me questiono e me sinto inferior e hipócrita. 
Amo o tempo livre que tenho para ver a minha filha crescer. Sinto privilégiada por ser a primeira a ouvir aquela palavrinha nova ou entender seu linguajar imaturo. Gosto da paz dos meus dias, de ter a possibilidade de assistir um filme numa terça-feira de manhã, ou de fazer comidas para eles. Quero que a Luna fale que não existe biscoito de polvilho mais gostoso no mundo do que o meu, assim como falo do bolo de chocolate da minha mãe.
Gosto do tempo que tenho para ler e refletir com calma. Gosto de descansar a cabeça não só a noite no travesseiro, mas nas horas vagas.
Amo ser mãe e uma referência presente na vida da minha filha, mas quero também ter participação do mundo externo.