quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

David Gilmore

Estava chovendo, e mesmo acordando no horário certo, foi tudo muito corrido. Pegamos a mala quando o táxi já estava nos aguardando, e pedimos para que o motorista fosse o mais rápido possível ao aeroporto. Quando chegamos - como o Allan havia previsto- fomos comunicados que o voo estava atrasado. Eu estava nervosa desde que acordei, achava que era ansiedade. Quando embarcamos, a viagem passou rápido. Eu não queria dormir. Descobri que o que estava sentindo era medo. Não conhecíamos São Paulo, apesar de não ser nossa primeira vez por lá. Mas agora seria nós por nós mesmo, sem nenhum amigo para nos orientar. Por outro lado, confesso, achava isso excitante também.
São Paulo da janela do avião já pareceu linda, não imaginava que tinha uma superfície tão montanhosa. Segurei forte a mão do Allan quando o avião desceu. Era a nossa primeira viagem juntos. O aeroporto parecida coisa de filme, enorme e cheio de gente diferente. Ficamos perdido no início sem saber onde estavam nossas malas, mas enquanto não achávamos, encontramos o Tico Santa Cruz, do Detonautas. Eu não reconheci, mas imaginava que devia ser alguém famosinho pelo excesso de tatuagem e pelo desinteresse pelo ambiente ao redor, como se todo dia passasse por ali. Com as malas em mãos, fomos pegar o ônibus. Deu tudo certo. Pegamos o metrô em seguida e chegamos a República. Olhava para os lados encantada, mas firme. Sem querer transparecer que eu era mais uma turista do interior. Quando chegamos ao Copan, não consegui manter meus pensamentos longe de minhas expressões. De longe, aposto que dava para notar que eu nunca havia pisado em algo próximo ou como o Copan na minha vida. Tudo tão estranho para mim, tão novo, tão atrativo, e quando o porteiro manteve a gente no térreo até confirmar nossa locação, eu explodia de felicidade mesmo cansada e sedenta por um banho.
Eu tinha plena consciência de que estava de férias, sem tcc ou responsabilidades perturbando a minha mente. Somente eu e ele fazendo nossas vontades. Ia ser o máximo. E foi. Fomos almoçar na casa de uma amiga do Allan, que junto com o namorado nos receberam super bem. O apartamento deles era lindo, assim como eles. Depois, chegou a hora do show. Fomos de Uber. O Allan pegou várias balas e eu pedi uma garrafa de água para guardar na bolsa, prevendo que lá estaria caro. Não fui tão intuitiva quanto a  roupa. Fui simples, mas para o ambiente, um macacão preto, um cropped de croche e uma sapatilha não eram tão adequados como uma calça jeans e uma camiseta.  Resolvi o problema vestindo a camiseta do David Gilmore que o Allan comprou na entrada do estádio. Nem preciso falar que ficou enorme.
Lá dentro, o ambiente era de outro mundo. Todos, dava para perceber, sabiam que seria um show memorável. Fiquei emocionada ouvindo 60 mil pessoas cantando I Wish You Were Here com tanta vontade, e de ver meu namorado chorar. Poucas vezes eu o vi chorar. Mais tarde, soubemos que David Gilmore também chorou e disse que foi o melhor show da turnê para ele.
Chegamos em casa cansados, mas muito felizes. Sim, desde o primeiro dia chamamos o Copan de casa, e foi assim que nos sentimos lá e em São Paulo.

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