sábado, 14 de fevereiro de 2015

Nota de três

Quem me conhece sabe que tenho poucos amigos, mas não considero pouco ter "apenas" pessoas que confio ao meu redor. No último ano do colegial havia uma guria que berrava pra meio mundo ouvir que não gostava de mim, mas era compreensível: eu parei de passar cola pra ela. Além de não agradecer quando passava, ela ainda colava mal. Não mudava uma linha. E os professores, claro, viviam desconfiados.
Ela podia continuar com o drama que eu não estava nem aí, pra falar a verdade. 

No meu primeiro ano de faculdade, encontrei outra guria dessas. Diferente da outra, nem passava pela minha cabeça desconfiar que a tal menina tivesse motivos para não ir com a minha cara, pois mal conversávamos e nem tinha cola envolvida. Quando soube, foi um baque: a turma inteira sabia que ela falava mal de mim pelas costas, menos eu. Me senti a maior tola do mundo. 
Esperei chegar em casa e, na segurança do meu quarto, chorei. Não sei porquê dessa vez isso me afetou. O meu contato com ela era tão pequeno que mal tinha referências para saber se realmente tinha feito algo de errado. 
À noite, procurei um amigo e falei sobre isso. Ele me disse que se realmente eu não tinha feito nada, deveria ficar de boa; que pessoas como ela, independente do meu jeito de ser, sempre existiriam. Estava tão claro, mas precisei de um empurrãozinho para perceber que tipo de pessoa estava lidando. Eu devia é estar agradecendo por ter aberto meus olhos logo, mesmo da maneira desagradável que foi.

Mais tarde soube que não fui à única a cair no desgosto dela. Outras pessoas da sala também eram apunhaladas pelas costas.

Depois do ocorrido, vi que me afastei do pessoal da sala que andava com ela (lide: quase a turma toda). Fora as minhas amigas e poucos colegas, trato a maior parte da turma como se fosse peças de porcelana prestes a cair de minhas mãos. Penso umas quatro vezes antes de falar algo a eles, e olha lá quando falo. Mesmo simpatizando com alguns, ainda lembro que andavam com a tal guria. Sinto medo de ter uma nova dissimulada em minha vida.

A guria não estuda mais comigo e não posso dizer que lamento. Não a odeio, mas uma pequena mágoa ainda está aqui. Às vezes penso que talvez devesse na época  ter conversado com ela para tirar a história a limpo, mas só de imaginar fazendo isso já coloco o pensamento de lado. Não sou corajosa, nunca fui, e é um defeito, eu sei.

Assim como ela que tem o direito de pensar o que quiser de mim, tenho o meu de não querer pessoas falsas ao meu redor e ponto final.


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